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Livro escrito pelo arquiteto José Roberto Gouveia faz recortes únicos do Bairro do Recife

Já dizia C.G. Jung: “Quem olha para fora sonha. Quem olha para dentro desperta”. Vemos assim que o verbo olhar traz muito mais surpresas em si do que se pode imaginar. E é partindo dessa premissa que o livro “Bairro do Recife – Sentidos, Imaginação e Emoção” sugere um desafio para o público leitor: o de ir além das primeiras impressões e da visão moldada pelo hábito, ao se voltar para um cenário icônico, inspirador e rico em história, tradição e arquitetura.

“O bairro é pulsante. Nele as coisas acontecem. As pessoas trabalham, saem para almoçar, se encontram, festejam. Então, há um movimento que mostra que ele é vivo. Eu sinto muita energia no Recife Antigo, algo diferente do que se passa com outros pontos do centro da cidade”, enfatiza José Roberto, arquiteto e autor da obra.

Com lançamento no próximo dia 05, no Museu da Cidade do Recife, “Bairro do Recife – Sentidos, Imaginação e Emoção” não é um trabalho que objetiva simplesmente o resgate do bairro. É, sobretudo, uma proposta de estímulo à sensibilidade. Mais do que histórias, os lugares apontados pela observação pessoal do autor carregam em si possibilidades. Possibilidades sensoriais, imaginativas e afetivas, que são únicas para cada pessoa.

Talvez não haja, para muitos, outra região do Recife tão envolta em nostalgia quanto o Recife Antigo. Contudo, para Gouveia, conhecê-lo e vivenciá-lo nos ajuda a transcender tal condição e pensar esse mundo circundante sob uma perspectiva dinâmica, que desafia o indivíduo a cada instante e em cada situação a descortiná-lo, intuindo que a melhor resposta vai sempre estar na atitude que inclui – e nunca exclui – tempos, lugares, pessoas e gestos.

O que se depreende da leitura de “Bairro do Recife – Sentidos, Imaginação e Emoção” é que é possível nos relacionarmos com o lugar integrando passado, presente e futuro, compreendendo que essas instâncias temporais não se entrechocam ou contradizem, mas se interpenetram, reconstruindo o bairro a cada instante.

“Através de sua lente, o autor captura fragmentos, flagrantes, formas, luzes e sombras, que se movimentam em um tempo fluido, pouco perceptível no cotidiano apressado do dia a dia”, observa a historiadora Marcília Gama no prefácio do livro. Muitas vezes não olhamos ao nosso redor, não prestamos atenção às nuances das coisas, das pessoas e dos seus gestos. E, quando o fazemos, na maioria das vezes, vem junto uma bagagem de crítica e ideias preconcebidas, não questionadas.

“Neste livro, trago muitas fotos de prédios restaurados e não restaurados, de edifícios seculares e contemporâneos, de construções em ruínas, onde a vegetação brota e se espalha pela fachada, e de recortes mais conceituais. Os registros que fiz, pelo próprio fato me deixar levar pela experiência, sem racionalizar, não estiveram submetidos ao filtro de um juízo crítico. O que predominou foi um espírito de liberdade”, destaca o arquiteto.

Perspectivas do olhar

Na análise feita pelo artista plástico Roberto Lúcio, na contracapa do livro, ele diz que “José Roberto resolveu registrar em imagens um novo olhar sobre o bairro, imprimindo um caráter iminentemente intuitivo e experimental”.

O leitor se depara com novas perspectivas, reveladas ou sugeridas, sobre os mais diversos cenários do bairro, sejam esses percebidos ou não no dia a dia das pessoas. Esse olhar passeia entre o convencional e o que surpreende, entre o que acalma e o que instiga, entre o que converge e o que contrasta. São muitas as relações possíveis. Encontramos isso na passarela – inaugurada em 2003 – que liga a edificação secular do Paço Alfândega a um estacionamento, com uma arquitetura contemporânea; prédios recém-construídos ou restaurados ao lado de construções em ruína, expressivos e vivos.

“Há prédios no livro para os quais ninguém olharia, mas que nem por isso estão desvitalizados. Ali tem história, tem a marca das pessoas e do tempo. Informamos os seus usos e transformações possíveis”, comenta Roberto.

O projeto se iniciou há três anos quando o autor começou a fotografar a área, onde fixou seu escritório, o JRG Studio. A partir daí, tudo foi se desenvolvendo naturalmente. Nem ele mesmo sabia o caminho que iria trilhar com a ideia.

“Tudo começou com a observação desses elementos que iam me chamando a atenção na minha interação cada vez maior com o Bairro do Recife. Foi quando comecei a fazer fotos para registrar aqueles instantes. Fui capturando aquilo que de algum modo me tocava. Se havia alguma regra, era essa. Exemplo é a imagem na qual registra uma esfera de concreto. Caminho habitual de pedestres entre a Rua Madre de Deus e o Cais da Alfândega, essa esfera passa despercebida para muitos e, ao mesmo tempo, é parte do cenário para fotos de turistas”, conta Gouveia.

Ninguém duvida de que tudo o que realizamos está impregnado daquilo que somos ou estamos sendo naquele momento. Com este trabalho não seria diferente. José Roberto tem consciência disso e nos diz “a minha relação com o espaço tem um lugar de importância que reverbera em tudo aquilo que faço, inclusive na minha postura e escolhas como arquiteto. Entendo que um lugar pode ter inúmeras funções, mas a que me é mais cara é a de acolhimento e da construção de um senso de identidade para aquele que dele faz uso. Para mim, esse é o primeiro condicionante do projeto arquitetônico”.

Animado com o resultado, José Roberto Gouveia tem bem claro que este livro é o impulso para outras ideias e ações que vêm despontando e o estimulando a ir mais além. Ao lado das atividades do escritório de arquitetura, novos projetos já estão em curso e a expectativa é de trazê-los a público em breve. Entre eles, um livro sobre arquitetura; outro ainda sobre o bairro, mas sob um outro enfoque; uma instalação urbana; e a ampliação da plataforma digital @bairrodorecife, que lança paralelamente com o livro, compartilhando outras fotografias do Recife Antigo.

No Bairro do Recife, diz o autor cogitar fixar sua residência. “Penso num futuro em que o Bairro do Recife venha a ampliar o seu uso residencial. Os custos para isso não são modestos, mas as ideias existem para serem testadas e abraçadas ou não.”

FICHA TÉCNICA
Título: Bairro do Recife – Sentidos, Imaginação e Emoção
Autor: José Roberto Gouveia
Editora: independente
Edição: 1ª
Ano: 2017
Idioma: Português
Especificações:
Brochura: 164 páginas
ISBN: 978-85-922802-0-8
Peso: 400 g (aprox.)
Dimensões: 210 x 210 mm
Papel: couché fosco 170 g
Impressão: totalmente em cores (4/4)

SERVIÇO I LANÇAMENTO
Bairro do Recife – Sentidos, Imaginação e Emoção
Museu da Cidade do Recife – Forte das Cinco Pontas, São José
o5.10.17
19h às 22h

By | 2017-10-02T10:27:22-03:00 2 de outubro de 2017|Notícias|0 Comentários

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